Para os que trabalham em Oncologia, considera a responsável, os principais desafios prendem-se com “a necessidade de uma atualização constante dos conhecimentos, face à evolução da medicina e aos novos tratamentos” e sobretudo com a “capacidade que temos de dar respostas às necessidades emocionais do utente e da família” que recorrem aos enfermeiros, bem como as às necessidades emocionais destes profissionais.
No IPO Lisboa trabalham quase 600 enfermeiros (571, segundo o Relatório de Gestão e Contas 2021), mas são necessários pelo menos mais uma centena de profissionais (719 previstos para 2022). O IPO Lisboa “tem tentado colmatar esta falha indo às escolas falar aos alunos que estão a terminar os cursos, participando em feiras de emprego, organizando formação interna, quer para valorizar os profissionais que cá trabalham, quer para ajudar os novos elementos a adquirir conhecimentos que lhes são úteis na sua prática diária. Mas só os esforços desenvolvidos pelo Instituto não chegam”, acrescenta.
De acordo com Paula Branco, a área da Oncologia “é uma área pesada, física e emocionalmente”. “Era importante que os Contratos Individuais de Trabalho (CIT) fossem equiparados aos Contratos de Trabalho em Funções Públicas (CTFP)” e fosse ponderada “a atribuição de um subsídio aos enfermeiros em Oncologia, como já existiu”.
A enfermeira antecipa “tempos ainda mais difíceis” para o futuro da profissão. “Nós não somos meros técnicos a executar tarefas, nós cuidamos. Se não se valorizar atempadamente os profissionais, eles continuaram a sair, quer para os privados quer para outros países onde se sentem mais valorizados, deixando o SNS com menos capacidade de resposta”, sublinha.