Com uma larga experiência na área da perfusão isolada dos membros, o IPO Lisboa assume o papel de formador e recebe um grupo de profissionais do Hospital Universitário La Paz, de Madrid.
“Numa perfusão isolada de membro de quimioterapia sobre hipertermia, o membro é conectado a um aparelho de circulação extracorporal, é aquecido até atingirmos temperaturas cutâneas e intramusculares entre os 39 e os 39,5 ºC e, posteriormente, é acrescentada a esta circulação uma dose altamente tóxica de quimioterapia (apenas no membro)”, explica, com detalhe, Vítor Farricha. “Esta técnica permite o recurso a uma dosagem de quimioterapia quarenta vezes superior à que é suportada habitualmente pela medula óssea”, concretiza o cirurgião que já realiza este procedimento há cerca de 20 anos.
Usada normalmente em doentes com melanoma, esta técnica apresenta ainda bons resultados em sarcomas e outros tumores quando o objetivo é evitar a amputação do membro. “A nossa taxa de sucesso ronda os 75 por cento, o que é muito significativo, pois permite salvar o membro de 15 em cada 20 doentes. Hoje, vamos perfundir um doente com um carcinoma espinocelular da planta do pé, com indicação para amputação. O que vamos tentar fazer é reduzir o tumor com vista a conservar a função do pé”, refere.
Esta abordagem multidisciplinar cruza o trabalho de várias equipas no bloco operatório – Anestesista, Enfermeiros, Cirurgiões, Técnicos de medicina nuclear (que ajudam a controlar possíveis fugas do citostático do membro para a circulação sistémica) e ainda um perfusionista encarregue de manter a circulação extracorporal.
No IPO Lisboa, a perfusão isolada dos membros é uma técnica usada desde 1993. Até à data, já foram tratados mais de 500 doentes. A partilha do conhecimento é importante e mostra o papel e o valor do Instituto, dentro e fora do país, no tratamento dos doentes com cancro.