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18 de Maio 2020

Liga vai doar 500 mil euros ao IPO Lisboa

​Em visita ao Laboratório de Virologia, o presidente do Núcleo Regional Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro anunciou o donativo para testes COVID-19 no Instituto.

João Oliveira, presidente do Conselho de Administração do Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO Lisboa) recebeu o presidente do Núcleo Regional Sul (NRS) da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Francisco Cavaleiro Ferreira, que quis conhecer in loco o trabalho do Laboratório de Virologia, que precisou de um avultado investimento financeiro para realizar testes de diagnóstico COVID-19 aos doentes e aos profissionais do Instituto.

 

No final de visita, que teve lugar na semana passada e foi acompanhada por Margarida Silveira, dir​​​​etora do Serviço de Patologia Clínica, e por Mário Cunha, coordenador do Laboratório de Virologia, o dirigente da Liga informou que vai fazer um donativo de 500 mil euros ao Instituto.

 

Segundo Francisco Cavaleiro Ferreira, «num período de pandemia tão difícil para a saúde pública em geral, para os doentes oncológicos em particular e para os profissionais de saúde, a LPCC decidiu apoiar financeiramente e com uma verba considerável os testes à COVID-19. Com esta ação contribuímos ativamente para garantir que os doentes oncológicos em tratamento no IPO Lisboa e os seus profissionais de saúde tenham os recursos necessários para que possam ser testados, salvaguardando assim a sua segurança.»

 

João Oliveira, presidente do Conselho de Administração (CA) do IPO Lisboa diz que «a colaboração da LPCC com o Instituto assume neste caso uma importante materialidade, aliviando o esforço financeiro requerido pela resposta à atual epidemia. Têm sido muitas as alterações que tivemos de introduzir no funcionamento do hospital e a LPCC demonstrou a maior disponibilidade para nelas colaborar, quer através dos recursos que lhe são próprios, quer apoiando na aquisição de meios.»

 

«Para manter a atividade oncológica e contando com as restantes estruturas do Serviço Nacional de Saúde para atenderem doentes eventualmente infetados, a realização de testes em larga escala é indispensável. De facto, só se conseguem otimizar os circuitos de doentes e os procedimentos dos profissionais para a proteção relativamente à infeção, se os doentes infetados forem prontamente identificados e os respetivos contactos rastreados, o que envolve a realização de testes de forma quase sistemática», acrescenta o presidente do IPO.

 

Por ano, o IPO Lisboa recebe cerca de 7500 novos doentes com cancro e mantém em tratamento/vigilância ativa cerca de 57 mil doentes.

Com vista a reduzir o risco de infeção pelo novo coronavírus, o Instituto adotou um conjunto de medidas preventivas que permitem assegurar a prestação dos cuidados assistenciais aos doentes oncológicos. De entre os procedimentos aplicados, destaca-se a realização de testes de diagnóstico a todos os doentes que iniciam tratamentos de quimio e radioterapia, que vão realizar cirurgia ou exame médico invasivo (endoscopias e broncoscopias, entre outros) e a todos os doentes internados.

 

O Instituto também implementou um programa de rastreio a todos os profissionais. Até à data, dos cerca de dois mil funcionários (o que inclui 360 médicos, 550 enfermeiros, 185 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, 130 técnicos superiores de saúde e mais de 400 assistentes operacionais, entre outros), metade já foram testados para o SARS-CoV-2. Entretanto, e segundo Maria Ana Frazão, diretora do Serviço de Saúde Ocupacional, «o IPO vai avançar com a realização de testes serológicos aos profissionais.»

 

Para evitar a circulação de pessoas no interior dos serviços e reduzir o risco de propagação do novo coronavírus, os testes dos profissionais e dos doentes de ambulatório são realizados em sistema drive-thru, em duas estruturas que foram montadas para o efeito. A colheita das secreções da nasofaringe e da orofaringe, com zaragatoa, é feita por enfermeiros treinados.

O Laboratório de Virologia​

 

O IPO Lisboa conta desde há décadas com um Laboratório de Virologia muito desenvolvido e com trabalhos pioneiros nesta área, mas a adaptação rápida às necessidades colocadas pela epidemia do novo coronavírus requereu a aquisição de meios técnicos e a reorganização dos recursos humanos. Só na área da COVID-19 e para além de toda a atividade habitual, desde o início de abril que o Laboratório de Virologia do IPO realiza cerca de 120 testes por dia, seis dias por semana, a doentes e funcionários.​

«Para realizar tão elevado número de testes e responder às necessidades do IPO, diminuindo a dependência de laboratórios externos, foi necessário criar as condições de segurança para se executar a inativação viral, em sala com pressão negativa e ar filtrado, e aplicar um conjunto de medidas essenciais para garantir a segurança e a proteção dos profissionais do laboratório, que passaram a trabalhar em duas equipas, em espelho, com rotação semanal, de modo a diminuir o número de contactos e a possibilidade de infeção por SARS-CoV-2», explica Mário Cunha.

 

Para o virologista, «o conhecimento e a experiência que temos na abordagem ao doente oncológico, nomeadamente com a deteção e quantificação de vírus oncogénicos como o vírus do papiloma humano (associado aos cancros do colo do útero, anal e da orofaringe) e o vírus Epstein Barr (associado a várias neoplasias hematológicas) e ainda a monitorização dos doentes transplantados, foram cruciais para preparar os recursos técnicos e humanos do laboratório no contexto da pandemia COVID-19.»

 

Um trabalho feito em tempo recorde, com a qualidade IPO, e que «só foi possível graças à articulação entre o corpo clínico, as equipas de enfermagem e os serviços administrativos e de suporte, com o apoio do CA.»