Voltar

20 de Janeiro 2022

IPO Lisboa integra rede de cancro hereditário

O IPO Lisboa passou a integrar a Rede de Referenciação GENTURIS, que se dedica a síndromes de predisposição familiar para o cancro.

Desde novembro de 2021 que o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO Lisboa) integra a rede de Referenciação Europeia GENTURIS, que tem entre os seus objetivos o aperfeiçoamento da identificação de pessoas com predisposição familiar para o cancro. Estas apresentam um risco muito elevado de desenvolver cancros comuns, geralmente localizados em múltiplos sistemas de órgãos.

A GENTURIS junta prestadores de cuidados de saúde e centros de referência com o objetivo de melhorar o acesso ao diagnóstico, tratamento e cuidados de saúde a doentes e pessoas com síndromes hereditários com risco aumentado para cancro. No caso de diagnóstico oncológico, estes doentes necessitam de tratamento e seguimento diferenciado do dos doentes oncológicos não hereditários.

A entrada na rede “vem reconhecer a atividade desenvolvida nas consultas de risco familiar ao longo dos anos e a excelência da prestação de cuidados neste âmbito”, sublinhou Isabel Claro diretora do Serviço de Gastrenterologia do IPO Lisboa. A especialista adiantou que o “complexo processo de candidatura” foi liderado pela Clínica de Risco Familiar da instituição.

O IPO Lisboa obteve reconhecimento para os grupos síndrome de Lynch e poliposes, cancro da mama e ovário hereditário e outros, “onde se incluem síndromes hereditários de cancro gástrico e melanoma maligno”. Para os doentes e portadores de mutações hereditárias, a inclusão na rede “garante que a vigilância, diagnóstico e tratamento das suas doenças estão em linha com as melhores práticas internacionais”, prosseguiu Isabel Claro, que coordena a Consulta de Risco Familiar de Cólon e Reto.

Fátima Vaz, coordenadora da Clínica de Risco Familiar, acrescentou que a integração nesta rede “reforça a nossa responsabilidade face às crescentes solicitações que recebemos”. A médica oncologista, que também coordena a Consulta de Risco Familiar de Cancro e Ovário considerou ainda que a avaliação positiva alcançada pelo IPO Lisboa, que permitiu o acesso à rede GENTURIS, “serve de reconhecimento pelo trabalho de todas as equipas multidisciplinares do Instituto que, em articulação com a Clínica de Risco Familiar, contribuem para a gestão integrada do risco acrescido de cancro dos doentes e suas famílias.

A candidatura do IPO Lisboa foi avaliada pela Agência de Calidad Sanitaria de Andalucía (ACSA). No relatório final foi atribuído à instituição 97,12% (em 100%) nos critérios gerais e 97,86% (em 100%) dos critérios específicos.

A coordenadora da rede europeia, Nicoline Hoogerbrugge, da Universidade Radboud, nos Países Baixos, num texto publicado na página da GENTURIS, explica que as “síndromes genéticas de risco de tumor são doenças em que existem mutações genéticas hereditárias que predispõem fortemente os indivíduos ao desenvolvimento de tumores” e que “o risco de desenvolver um cancro ao longo da vida pode chegar aos 100 %”.

De acordo com esta responsável, atualmente, “apenas 20% a 30 % das pessoas com síndromes genéticas com risco de tumor obtiveram um diagnóstico”.

Além da identificação das pessoas afetadas por estas síndromes, a GENTURIS tem também como objetivos principais a redução da variabilidade entre práticas clínicas e resultados; o desenvolvimento de orientações clínicas baseadas em evidências e de registos de doentes, biobancos e estudos de investigação. A rede pretende ainda definir vias de cuidados de saúde para facilitar um melhor acesso ao conhecimento clínico de especialistas internacionais para os doentes e familiares residentes na União Europeia.