29 de Maio 2020
«Não existem provas científicas de que haja menor risco para a saúde com as novas formas de tabaco.» Dra. Dina Matias, pneumologista e responsável pela consulta de cessação tabágica.
«Dia 31 de maio assinala-se o Dia Mundial sem Tabaco. Constitui uma oportunidade para sensibilizar para o impacto negativo que o uso de tabaco tem para a saúde, para desencorajar o uso de qualquer forma de tabaco, mobilizar os profissionais de saúde e responsáveis pelos sistemas de saúde para que sejam implementadas medidas preventivas.
A maioria dos fumadores gostaria de deixar o hábito e sentem-se atraídos por novos produtos ou métodos que facilitem as suas tentativas.
É o caso do tabaco aquecido (IQOS, da Philips Morris, em Portugal), publicitado pela indústria tabaqueira como mais seguro e alternativa mais saudável ao fumo de tabaco convencional, por alegadamente conter menor quantidade de substâncias nocivas.
Trata-se de um dispositivo electrónico com um pequeno cigarro contendo tabaco, que produz aerossóis com nicotina e outros químicos que são inalados pelo utilizador.
Estudos independentes mostram que o tabaco aquecido emite níveis elevados de nitrosaminas assim como outros agentes carcinogénicos, tóxicos e irritantes. O teor de nicotina e alcatrão são idênticos aos do tabaco convencional.
Estudos in vitro demonstraram que o tabaco aquecido está associado à lesão das células epiteliais brônquicas, stress oxidativo, inflamação, infeção e remodelação da via aérea.
No passado, as experiências com cigarros com filtro e cigarros “light” mostraram que produtos publicitados como “mais seguros” desencorajam fumadores a deixar de fumar e não melhoram o seu estado de saúde.
A verdade é que presentemente não existem provas científicas de que haja menor exposição e menor risco com este tipo de produto, não se podendo antever os seus efeitos a longo prazo. São necessários mais estudos independentes para fundamentar as afirmações de risco ou dano reduzidos.
No nosso país, recentemente, várias sociedades médicas e científicas tomaram uma posição conjunta em que afirmam não recomendar a utilização de produtos de tabaco aquecido, alertam para os seus riscos e mantêm a firme convicção de que a melhor forma de salvaguardar a saúde humana é a prevenção da iniciação de qualquer forma de consumo e o apoio médico para a cessação tabágica.
O IPO desaconselha o uso de qualquer forma de tabaco, encoraja as pessoas a deixar de fumar e a procurar apoio e informação junto dos profissionais de saúde.»
Veja o vídeo do IPO Lisboa, que se associa ao Dia Mundial sem Tabaco 2020.