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17 de Novembro 2023

“Todo o tipo de tabaco é prejudicial”

A 17 de novembro assinala-se o Dia Nacional do Não Fumador, uma data pretende celebrar a saúde e sensibilizar a população para os riscos associados ao tabagismo. Ao IPO Lisboa chegam em média 350 novos casos de cancro do pulmão por ano.

Em Portugal, o cancro do pulmão é a principal causa de morte por doença oncológica, de acordo com o relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) sobre os Perfis Nacionais de Cancro 2023, que assinala o tabagismo como um dos principais fatores de risco. Os novos produtos, como o tabaco aquecido e os cigarros eletrónicos, não são menos nocivos que os cigarros e podem igualmente prejudicar a saúde pulmonar.

 

Todo o tipo de tabaco é prejudicial para a saúde de quem fuma e dos que estão próximos, além de afetar indiretamente todas as pessoas pela poluição ambiental que causa. Vale sempre a pena deixar de fumar. Os primeiros benefícios para a saúde e o bem-estar são quase imediatos. E o risco de cancro do pulmão, aquele que demora mais tempo a normalizar, passa a ser igual ao dos não fumadores após 20 anos sem fumar”, explica Teresa Almodovar, Diretora do Serviço de Pneumologia do IPO Lisboa.

 

Há 21 anos que é disponibiliza uma Consulta de Cessação tabágica aos doentes e familiares que desejem deixar de fumar e necessitem de ajuda ou orientação. Os dadores de sangue, os voluntários e os colaboradores do Instituto também têm acesso.

 

Segundo a médica Dina Matias, responsável por esta consulta, no ano passado 864 pessoas recorreram a este serviço, das quais, 125 foram primeiras vezes.

 

E como funciona para doentes fumadores internados? São apoiados pelos médicos assistentes no internamento, que se articulam com os clínicos envolvidos na cessação tabágica do Serviço de Pneumologia quando necessário. Também “é prescrita terapêutica de substituição nicotínica no caso de haver sintomas de privação”.

 

Para a Diretora do serviço é fundamental estarem atentos aos sintomas, como a tosse persistente ou agravada, tosse com sangue, dor no peito ou nas costas, dificuldade em respirar, cansaço e emagrecimento. Um diagnóstico precoce faz a diferença, por isso, deve pedir ajuda a um médico e realizar os exames adequados.

 

Quando o cancro está numa fase inicial e limitado ao pulmão, a taxa de sobrevivência aos cinco anos varia entre os 90 e 75%. A sobrevivência diminui drasticamente para 5%, se a doença é diagnosticada em estádios avançados.

No âmbito desta data, o Serviço de Pneumologia do IPO Lisboa realizou testes de função respiratória para colaboradores no Laboratório de Função Pulmonar, 3º andar do Pavilhão Central. As vagas para este teste simples e não invasivo, que mede alguns dos volumes e débitos respiratórios, rapidamente ficaram preenchidas.

 

Também promoveu uma palestra subordinada ao tema “Parar de fumar após o diagnóstico de cancro”, que visou sensibilizar os profissionais de saúde do Instituto para a importância da intervenção médica e psicológica no doente oncológico fumador.

 

O tema “Cessação tabágica no âmbito da oncologia” foi apresentado por Paulo Mota – Assistente Hospitalar Graduado de Pneumologia. Na sua intervenção lembrou que fumar é “uma doença” e os profissionais de saúde devem estar sensibilizados para oferecer orientações e suporte: fármacos e acompanhamento, incluindo apoio emocional e psicológico.

 

Questionado sobre os novos produtos – tabaco aquecido ou cigarros eletrónicos – alertou que não são menos nocivos e podem igualmente prejudicar a saúde pulmonar. “Têm uma embalagem apelativa e sem mau cheiro, mas são uma ilusão, pois não ajudam a deixar de fumar. A grande maioria são fabricados na China e sem controlo de qualidade”, alertou.

 

Já Susana Marques, psicóloga clínica, falou sobre “Intervenção psicológica na cessação tabágica”, alertando para as dificuldades dos doentes oncológicos: dependência física e psicológica, stress e ansiedade, mudanças no estilo de vida, pressão social e pensamentos negativos.

 

“O programa de cessação tabágica é um plano individual em que, a compreensão e avaliação do comportamento tabágico deve de ser de ordem pessoal, familiar, social e profissional. Deixar de fumar é um caminho!”, sublinhou.

 

A moderação foi feita por Teresa Almodovar (Diretora do Serviço de Pneumologia) e Dina Matias (Responsável pela Consulta de Cessação Tabágica).